sexta-feira, abril 07, 2006

Orgulho

(Frederick Florin, Strasbourg)
Sinto-me orgulhosa pelo que está a acontecer em França. Mesmo se o paralelo feito com o Maio de 1968, utilizado cada vez que as pessoas se manifestam na rua, me parece um exagero, tenho orgulho da reacção dos estudantes e de parte dos trabalhadores. É preciso saber dizer stop, e não aceitar tudo com o maior conformismo. Tenho orgulho deste espírito crítico que os Portugueses vêem tantas vezes com maus olhos.
Não me sinto a alma revolucionária, não, nunca fez parte do meu feitio, mas acho que a sociedade em que vivemos, desse ou daquele lado da fronteira, não permite a cada um de nós atingir a felicidade. Em que o CPE estimula o emprego? Pelo facto de uma empresa poder despedir uma pessoa de menos de 26 anos sem justificação e de poder dar emprego a outra para mais dois anos? Já se sabe que um emprego deixou de ser para a vida. Mas como encontrar estabilidade, se, de ano para ano, tenho que procurar novamente emprego?
O não francês no referendum para a constituição europeia já deixava entrever esse estado social... Tenho orgulho da amplitude da mobilização (mesmo se não vivo os efeitos dessas greves no dia a dia), tenho orgulho desse movimento porque quero acreditar que venha a mudar algo, que seja um primeiro passo. Estou longe de imaginar o papel, por vezes pouco claro dos sindicatos, ou as implicações políticas da posição de cada um, poucos meses antes das presidenciais francesas, mas quero acreditar. Mais uma vez...
(infografia, Le Monde)